quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Estudo

Sinto-me pequeno
ante a estatura do poeta
e a solidez do seu imaginário.

Mas é preciso, preciso, preciso,
esse pouco de solidão
que o seu convívio me empresta.

Música ao longe na praia,
retrato na parede, lembranças,
a rosa escorrendo no asfalto.

O poeta se veste com fúria,
(o poeta, despido, declina),
todas as faces em uma.

A marcha dura, poeta.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Dançarino

O dançarino dança
no chão, no ar, no ar, no chão...
E da forma como ele dança,
ao rufar de antigos tambores,
evade-se me a lembrança
de pretéritos findos amores.

Em sua dança há de haver
algum ar e um sentir quase nada,
enquanto seu corpo avança,
sua alma o contempla, parada.

Dança, dançarino, dança,
que eu, de um distante outeiro,
vislumbro em teus passos largos
a vida que eu quis por inteiro.