quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Poema só para Marcelo e Marília

Na curva ruidosa dos 42
eu entro rasgando embalado a 90
(Fahrenheit, na sombra)
na estrada velha, estrada
de bem antes do meu tempo,
essas reservas colossais de tempo
de que falou o poeta
e que agora compreendo.

A floresta antiga, ancestral,
a lima da rima seca, lavada
no orvalho da Europa outonal.

(A velha cerca ao pé da estrada,
madeira, carros e ferramentas,
a vizinha de botas e jardineira
cresceu, desandou, força menina,
a chuva rala na velha estrada).

As árvores nuas no cinza do céu,
Coberto de folhas, molhado, o chão,
Na breve passagem do verde ao marrom,
Começo de outono, final do verão.

Nenhum comentário: